Carta de Natal 2023

A data do Natal enseja aproximações que são sempre bem-vindas. O dia é festivo apropriado para compartilhar alegrias, o clima que rola é de confraternizações.

A consistência dos abraços trocados revela muito afeto que vai tocar nossas almas e nossos corações.

A parceria que se estabelece revela que o clima de Natal foi assumido.

Também não deve faltar no Natal o espirito de que as essências dos repertórios vivenciados, almejam ter continuidade e funcionar como uma meta de realizações a ser alcançada

Deus tem planos para nossas vidas que devem conter sempre o apreço pelo amor e pela família.

O fraternal gesto de dar e receber carinhosos abraços, nos aproximam e nos tornam capazes de transbordar afetos, que são os melhores presentes a serem trocados.

Natal, em seu pleno significado, vai de encontro a tudo que desejo a minha cara amiga/o.

É dessa forma que repasso a você, de tantas belas jornadas, um pouco das minhas vibrações, que devem e querem alcançá-la/o.

Esse encontro epistolar vem a calhar no tempo e no espaço, quando o clima natalino reina soberano e altaneiro.

Natal luz ilumina o espirito e o coração.
Natal paz
apazigua e tranquiliza.
Natal família envolvente alegria.

O Natal chegou, carregando todo seu simbolismo e autenticidade.

Posso entrar é a pergunta que cabe. A resposta é simples. Por favor, entre e venha partilhar conosco toda a sua incomparável beleza.

E assim começa um belo encontro, que não deveria ter fim, pois o Natal é eterno – ilumina, brilha e cativa para sempre.

Camilo Xavier 25/12/2023

Feliz Natal e que ele se esparrame na sua vida, querida amiga e querido amigo.

Comissão avalia 2023 e elabora planejamento de ações para 2024

No início deste mês de dezembro, foi organizada na tarde do dia 8, nas dependências da Escola Estadual Otoniel Mota, uma reunião de planejamento da Incubadora Cultura que avaliou o concurso literário 2023, evento realizado em 26 de outubro, no Teatro Muncipal de Ribeirão Preto, com o lançamento do livro “Travessia”, que reúne os trabalhos dos alunos do ensino médio e fundamental de escolas da rede pública e privada de Ribeirão Preto e grande região.

O encontro contou com as presenças de autoridades municipais, professores, colaboradores e líderes do setor de ensino e cultura e coordenadores da Incubadora Cultural: escritor e poeta Camilo André Mércio Xavier; Profª Heloisa Alves; Profª Filomena Elaine Assolini, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP; Pedro Leão, secretário municipal da Cultura e Turismo; Cristiane Framantino Bezerra, superintendente da Fundação Instituto do Livro; Adelcia Edelweiss Cesar Serapiao de Souza e Ana Luisa Landi, diretora e vice-diretora da Escola Estadual Otoniel Mota; Fernanda Castello Moço Ripamonte, presidente da Academia Ribeirãopretana de Letras; Eliane Ratier, presidente da Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto (ALARP); Paula Rezende Hautz Dias, coordenadora pedagógica na Rede Municipal de Ribeirão Preto; Profª Maris Ester Aparecido Souza, presidente da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto; Helena Agostinho, presidente da União dos Escritores Independentes de Ribeirão Preto; Michele Lira, assessora da direção da E.E. Otoniel Mota e da Incubadora Cultural; Leonardo Scarulis, artista plástico, responsável pelas capas dos livro da Incubadora Cultural; escritor, advogado e juiz de paz André Luiz da Silva; Matheus Morais, colaborador técnico em informática; e Rogério K. Moreira, representando os Rotary Clubs de Ribeirão Preto.

Com todos reunidos, juntos avaliaram questões como o resgate da história, memórias e identidade da iniciativa Projeto Incubadora Cultural Ribeirão Preto, debate sobre a posição atual e o futuro desejado, discussão das possibilidades e limites da iniciativa hoje, análise das futuras parcerias, as atividades práticas a serem desenvolvidas e os ajustes sobre o concurso e a organização do evento para 2024. Nessa oportunidade, foi apresentado o titulo e feita a leitura da poesia que representará o tema da edição 2024 do concurso literário, composta pelo autor Camilo Xavier, sendo aprovada por unanimidade.

Incubadora Cultural desperta interesse de nova colaboradora

Em uma iniciativa descontraída, Camilo André Mércio Xavier, idealizador da Incubadora Cultural, promoveu um rápido bate-papo com Marina Felício, esposa de José Luiz Felício, fundador da Passaredo Linhas Aéreas, falecido em outubro passado. Bastante engajada no tema espiritualidade, Marina atua hoje como pastora na comunidade Caminho da Vida, igreja que fundou com seu marido. Uma entusiasta de projetos sociais, ela conheceu o trabalho realizado com o lançamento da edição 2023 do concurso literário “Travessia”, da Incubadora Cultura. Encantada com o trabalho desenvolvido, Marina se dispôs também a contribuir com o projeto de educação e cultura que tem como foco os jovens estudantes do ensino médio e fundamental das escolas públicas e privadas de Ribeirão Preto e grande região.

Confira a conversa:

Incubadora Cultural lança livro “Travessia”

Evento reuniu cerca de 500 pessoas no Teatro Municipal em Ribeirão Preto

Com apoio da Fundação Instituto do Livro e da Secretaria da Cultura e Turismo, o projeto Incubadora Cultural realizou na última quinta-feira dia 26 de outubro, o lançamento do livro “Travessia” do escritor e poeta Camilo Xavier, no Teatro Municipal em Ribeirão Preto.

Prestigiaram o evento, o secretário da Cultura e Turismo, Pedro Leão, a superintendente da Fundação Instituto do Livro, Cristiane Framantino Bezerra, os vereadores Alessandro Maraca e André Trindade, além de representantes das entidades literárias Academia Ribeirão Pretano de Letras, Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto, Casa do Poeta e Escritor, União dos Escritores Independentes e Academia Ribeirão Pretana de Educação.

Em 25 anos, o escritor Camilo Xavier publicou cerca de 500 poemas, em nove livros de autoria própria, e comentou sua inspiração para a obra. “No fundo, você é o resultado de muitas coisas que te antecedem. E precisa ter a sensibilidade de captar sentimentos, pensamentos e desenvolver o novo. Não ficar parado,” disse ele.

Durante o evento, foram premiados os alunos de escolas públicas e particulares de Ribeirão Preto que participaram do projeto escolar, onde são convidados a produzirem textos livres, podendo ser poesia, prosa lírica, crônica ou redação. Neste ano, a inspiração para os alunos foi o Poema Travessia, de Camilo Xavier que dá nome à obra lançada.

Fonte: Prefeitura Muncipal de Ribeirão Preto | Cultura

Incubadora Cultural 2023 estimula novos talentos para produção literária e artes visuais

O Teatro Municipal de Ribeirão Preto recebeu, na tarde de 26 de outubro, o evento de lançamento do livro Incubadora Cultural: Travessia, que é coordenado e idealizado por Camilo André Mércio Xavier, escritor e docente aposentado da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP; e pelas professoras Filomena Elaine Assolini da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP e Heloisa Martins Alves, da Escola Estadual Otoniel Mota.

A iniciativa da Incubadora Cultural Ribeirão Preto, que busca incentivar a leitura e a escrita entre os jovens, organiza um concurso literário anual que tem como resultado a publicação de um livro. A obra reúne a produção literária de alunos dos ensinos fundamental e médio de escolas públicas e privadas.

Neste ano, sob o tema “Travessia”, foi organizada uma festa para a premiação dos destaques entre as 22 escolas que participaram do concurso e lançamento da edição 2023 do livro. O encontro reuniu a presença de mais de 400 pessoas, entre alunos, professores, convidados e autoridades municipais.

Durante a cerimônia, foram realizados discursos que destacaram a importância da realização da iniciativa Incubadora Cultural Ribeirão Preto, que busca incentivar a leitura e a escrita entre os jovens, um importante projeto para a sociedade e formação dos estudantes. Além do reconhecimento dedicado aos idealizadores, pelas autoridades públicas, como a superintendente da Fundação Instituto do Livro, Cristiane Bezerra, que sempre apoiou o projeto e viabilizou a impressão do livro; o secretário da Cultura e Turismo de Ribeirão Preto, Pedro Leão; e o vereador Alessandro Maraca, um incentivador do projeto, desde seu início.

Com uma riqueza de performances culturais, o público presente foi brindado com apresentações memoráveis de poemas, canto de músicas com coral e solos, esquetes teatrais, além de uma produção circense com estudantes de um colégio. Após o encerramento da cerimônia, todos os presentes foram convidados para um delicioso momento de confraternização com pipoca, algodão-doce e bebidas, que fizeram a festa dos jovens.

No próximo ano, teremos muito mais novidades! A organização e idealizadores já estão em fase de planejamento da nova edição. Aguarde!

Acompanhe aqui a cobertura do evento pelo “Giro Cultural”, com o apresentador André Luiz.

A organização deste grande evento cultural 2023 de premiação e lançamento do livro da Incubadora Cultural Ribeirão Preto agradece aos importantes apoiadores culturais: Gepalle-USP; Fundação Instituto do Livro; secretaria da Cultura e Turismo da Prefeitura de Ribeirão Preto; Funpec; Rotary Clubs de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto-Jardim Paulista, Ribeirão Preto-Norte e Ribeirão Preto-Oeste; BioNuclear Laboratório; Bortoletto Publicidade Legal; Leonardo Scaruis; Martins Design; Os Arnaldos; e Valmep Soluções de Ponto e Acesso.

Incubadora Cultural e Instituto do Livro: uma parceria em prol da educação e da leitura

Escritora, historiadora, angelóloga e produtora cultural, Cristiane Framartino Bezerra, atual superintendente da Fundação Instituto do Livro de Ribeirão Preto, deixa seu depoimento ao Projeto Incubadora Cultural. O Instituto do Livro, que tem o objetivo de fomentar a difusão do livro, leitura, estimular a criação literária, é uma importante apoiadora que vem contribuindo (e muito), por intermédio da Prefeitura Municipal, para a viabilização das edições dos livros produzidos para o concurso literário do projeto. Anualmente, para o projeto de Ribeirão Preto é organizado um concurso literário, e a partir de um tema selecionado são reunidos trabalhos com textos, poesias, ilustrações dos jovens estudantes da rede pública e privada de ensino. Como resultado desse concurso, e o apoio de diversos segmentos da sociedade, públicos e privados, é editado um livro que contempla todos os trabalhos dos alunos.

Tributo a Antônio Diederichsen

Por Rui Flávio Chúfalo Guião*

Antônio Diederichsen nasceu em São Paulo, no dia 01 de agosto de 1875, filho de Bernardo Diederichsen e Ana Cândida Rocha Leão Diederichsen. Seu pai era soldado do exército prussiano na primeira guerra entre esse país e a Dinamarca, pelo controle do Ducado de Schleswig. Terminadas as hostilidades, Bernardo decide seguir os passos de vários parentes, inclusive os de uma irmã e emigra para o Brasil. Aqui, trabalha em Santos, Campinas, Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde conhece Ana Cândida, filha de cultivadores de fumo nas fraldas da Mantiqueira, com quem se casa. O casal decide se mudar para São Paulo, onde compra a Fazenda Morumbi − hoje uma das regiões mais valorizadas da capital − para o plantio de chá e uva.

Antônio faz a maior parte de seus estudos na Alemanha e retorna ao Brasil com o diploma de Engenheiro Agrônomo. Logo é convidado para recuperar a Fazenda Desengano, em Batatais, de propriedade de seu primo Arthur, totalmente degradada. Em dois anos, torna-a um modelo de propriedade. O trato com o café e o contato com os fazendeiros, concretizam em Antônio a potencialidade de Ribeirão Preto.

No ano de 1903, a filial local do Banco Construtor e Auxiliar de Santos é decretada falida e Diederichsen arremata o acervo, composto do quarteirão entre as ruas Saldanha Marinho, José Bonifácio, Américo Brasiliense e São Sebastião, onde se localizavam uma serraria, oficina mecânica e fundição.

Como tem pouco conhecimento da manipulação da madeira, convida o alemão João Hibeln, administrator da filial, para seu sócio e no dia 20 de outubro de 1903 surge a Diederichsen & Hilbeln, embrião do Grupo Santa Emília, que comemora 120 anos de existência neste mês.

Diederichsen é um trabalhador incansável. Abre seu estabelecimento às 6h e o fecha às 21h.

Menos de um ano após a constituição da firma, começa a demonstrar seu interesse pela comunidade e, à frente de vários comerciantes, funda a Associação Comercial ,no dia 08 de agosto de 1904.

Em 1911, um evento vai influenciar a vida de Antônio Diederichsen: a chegada a nossa cidade de Manoel Penna. Órfão de pai e mãe logo cedo, tendo de trabalhar para se manter, Penna decide abandonar o Vale do Paraíba paulista e dirige-se a Ribeirão Preto, onde consegue emprego na Diederichsen & Hibeln. Dono de enorme vontade de progredir, Penna faz meteórica carreira na firma, tornando-se o braço direito e sócio de Antônio Diederichsen.

Nos anos 1914, com o crescimento da firma, Diederichsen compra 30 mil metros quadrados de terreno na Vila Tibério, para ali transferindo a serraria, fundição, oficina mecânica e fábrica de parafusos para madeira. É o ano em que estoura a primeira Guerra Mundial.

Como Hibeln é germanófilo declarado e passa a insultar os brasileiros, a sociedade chega ao fim e Diederichsen se torna único proprietário da firma.

Em 1922, Diederichsen e Penna decidem trazer automóveis Chevrolet para nossa cidade, criando assim a primeira concessionária do grupo e um pioneiro posto de serviços.

Em 1929, depois de a empresa se tornar o maior empreendimento comercial da cidade, ocorre a quebra da Bolsa de Nova York. Os fazendeiros dormem ricos e acordam pobres, pois não há dinheiro no mundo para comprar nosso café. No ano seguinte, a Revolução de 1930 apeia os coronéis do café de seu poder político. A cidade entra em marasmo.

Para ajudar o retorno do progresso da cidade, Diederichsen constrói, com recursos próprios, o prédio que levaria seu nome, na rua Álvares Cabral, prédio que doaria a Santa Casa, em seu testamento. Nos anos 1950, decide elevar o primeiro edifício alto da cidade, o Umuarama, especialmente construído para ser hotel.

Todas as grandes obras de Ribeirão Preto tem o apoio e financiamento de Diederichsen: a reforma para acolher a Faculdade de Medicina na antiga Escola Prática de Agricultura, a Cava do Bosque, a construção do Pavilhão Tinoco Cabral, da Santa casa,o Abrigo Ana Diederichsen para tuberculosos.

Antônio Diederichsen morre em 01 de outubro de 1955, deixando à cidade um legado de trabalho e benemerência e um conglomerado de empresas que comemora neste ano 120 anos de existência.

*Rui Flávio Chúfalo Guião é advogado, empresário, presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e secretário-geral da Academia Ribeirão-pretana de Letras.

Educação brasileira contemporânea: ensino, avaliação e formação de Professores

Por Luiz Carlos Moreno

“O poder e a capacidade de aprender já existem na alma”.
(Platão, A República, livro VII)

Nosso entendimento, dentro da normalidade física e mental, temos a possibilidade de aprender. Resta-nos questionar: queremos?

  • A vida já nos ensinou que só querer não basta. Aprendizado é a combinação de sentimento, raciocínio e ação.
  • Aquilo que sentimos determina não somente o que pensamos, mas como pensamos.

Como Professores de diversos níveis, até a formação de Professores, ─ e aprendizes que continuamos ─ pudemos aprender alguns caminhos para o aprendizado:

  • O que você quer aprender? (Ambição / motivação).
  • Você acredita que é capaz? (Otimismo).
  • Como os outros podem ajudar-lhe? (Empatia).
  • Esse aprendizado está de acordo com seus valores e crenças? (Integridade).
  • Qual é o seu estilo de aprendizagem? (Autoconsciência).

O seu aprendizado deve estar conectado com os seus objetivos:

  • A T I N G Í V E I S: certifique-se de que é possível.
  • E S P E C Í F I C O S: devem ser importantes, não grandes demais.
  • M E N S U R Á V E I S: como saber se atingiu?
  • R E C U R S OS: o que você precisa?
  • T E M P O: quando terá alcançado?

Assim como esses mesmos OBJETIVOS tem de ter conexão profunda com as suas MOTIVAÇÕES:

  • São POSITIVOS?
  • Conduzirão ao sucesso DESEJADO?
  • Estão sob seu CONTROLE?
  • Qual EFEITO eles terão?
  • Eles lhe farão SEGUIR seus passos no futuro?

Nossas atitudes, costumes e crenças são todos autodidáticos. Não nascemos com eles. São aprendidos…Portanto, podemos assumi-los, administrá-los e direcioná-los. Ou, deixar rolar, aí, não sabemos onde vai…

As bases do nosso aprendizado são:

  • Ambição e motivação
  • Autoconsciência
  • Empatia
  • Integridade
  • Otimismo

NOSSOS NÍVEIS DE APRENDIZADO:

  • AMBIENTE = o “quando” e o “onde”.
  • CAPACIDADE = o “como”.
  • COMPORTAMENTO = o “quê”.
  • CRENÇA = o “porquê”.
  • IDENTIDADE = o “quem”.

CONSTATAÇÕES / PROVOCAÇÕES:

1] Alguns alunos não estão interessados no aprendizado.
2] Muitos estudantes não tem metas nem idéia alguma porque estão na situação de aprendizado.
3] O conceito que o estudante tem do professor não é objetivo – é totalmente positivo ou totalmente negativo.
4] Poucos estudantes são objetivos com relação aos seus talentos.
5] Suas capacidades de aprendizagem são variadas.

É o que temos!

O CAMINHO DO APRENDIZADO / DA EDUCAÇÃO CONTINUADA:

  • Assume responsabilidade e não culpa.
  • Considera o ponto de vista do outro.
  • Criativo.
  • Curioso.
  • Faz perguntas poderosas para si mesmo(a)!
  • Flexível.
  • Inovador.
  • Motiva a si mesmo!
  • Pensa com perguntas.
  • Sabe o que é necessário fazer e faz.
  • Torna-se uma pessoa assertiva!
  • Valoriza o não-saber.

“O futuro não é um lugar para onde estamos indo, mas um lugar que estamos criando. Os caminhos para ele não são encontrados, mas criados, a atividade de criá-los muda tanto o feitor quanto seu destino”.
John Schaar (1928 – 2011), futurista

“Existem três tipos de pessoas: as que deixam acontecer, as que fazem acontecer e as que perguntam “o que aconteceu?”
John Richardson Jr (1921 – 2014) Secretário de Estado Adjunto dos Estados Unidos para Assuntos Educacionais e Culturais de 1969 a 1977.

De fato, assumimos esses pensamentos, ensinamentos e aprendizagens. Depois, não muito depois, talvez até simultaneamente, a vida em comunidade, no mundo do trabalho vem nos cobrar tudo isso que aprendemos ou, que deveríamos ter aprendido, chamando então de competência ou domínio. E a vida só nos cobrará.

*LUIZ CARLOS MORENO. Pedagogo. Especialista em Educação. Exerceu a docência e coordenação em cursos superiores e de pós-graduação. 35 anos em empresas de médio e grande porte sempre na área de Desenvolvimento Humano. Tem especialização em Filosofia e Ensino da Filosofia (2012); em Didática do Ensino Superior (2004); em Administração da Educação (2002); em Gestão Estratégica e Qualidade (2005). Membro da Academia Ribeirão-pretana de Educação – ARE., cadeira 17, empossado em dezembro 2007. Presidente no exercício 2010 – 2012; reeleito para a gestão 2012-2014; gestão 2014-2016; gestão 2016-2019.

Este artigo foi apresentado durante a mesa-redonda “Educação brasileira contemporânea: ensino, avaliação e formação de professores”, com as participações de Elaine Assolini, Meire Pedersoli, Luiz Carlos Moreno e Marlene Trivellato. O debate foi promovido durante a programação da 22ª Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto, no auditório Pedro Paulo da Silva (Centro Cultural Palace), no dia 14 de agosto de 2023.

Lançamento do livro “Incubadora Cultural: Fincar os pés” (2022)

No dia 18 de novembro de 2022, foi realizado o lançamento do livro do Projeto Incubadora Cultural Ribeirão Preto: “Fincar os Pés”, organizado por Camilo André Mércio Xavier, escritor e docente aposentado da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP; e pelas professoras Filomena Elaine Assolini, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP e Heloisa Martins Alves, da Escola Estadual Otoniel Mota.

A obra reúne a produção literária de alunos do ensino médio de escolas públicas e privadas, com o objetivo de incentivar a leitura e a escrita entre os jovens.  Criado em 2013, o projeto é idealizado por Camilo Xavier, com apoio de Elaine Assolini e Heloisa Alves, que são os organizadores da obra.

Escola Estadual Otoniel Mota: Gratidão e devolutiva social

Ex-alunos compartilham a emoção em poder contribuir com a escola onde estudaram

Camilo Xavier e Luiz Octavio, dois ex-alunos gratos à educação que receberam na Escola Otoniel Mota.

Os anos 1940 e 1950 são respectivamente quando Camilo Andre Mercio Xavier e Luiz Octavio Junqueira Figueiredo entraram no Instituto de Educação “Otoniel Mota”. Essa foi uma época na qual o analfabetismo abrangia cerca de 50% da população acima de 15 anos e as escolas secundaristas eram escassas. Aqueles que terminavam o primário precisavam se submeter ao exame de admissão para entrar na próxima etapa escolar, que durava quatro anos. Depois disto, era necessário escolher entre o científico, o clássico ou normal. Este último era destinado às meninas que seriam professoras primárias e aguardavam para se casar.

Camilo e Luiz Octavio seguiram o caminho do científico. Em comum estes dois homens também compartilham a certeza que devem muito à escola pública onde estudaram, hoje chamada de Otoniel Mota. Por meio do conhecimento, do contato com os professores e da construção de amizades, moldaram uma parte importante dos seus valores. Principalmente, ficou neles a crença que a educação é transformadora. Quando bem orientada, ela forma não apenas profissionais, mas pessoas completas, cidadãos inseridos de forma plena na comunidade em que vivem.

Este é o caso do Dr. Camilo André, ortopedista, formado pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre nos anos 1950, e professor titular aposentado da cadeira de Ortopedia e Traumatologia e de Bio-Engenharia da USP de Ribeirão Preto. Médico e poeta, ele acumula prêmios literários e acredita na cultura e na leitura como a base para a formação escolar.

No Otoniel Mota ele afirmou ter recebido aconchego e crescimento intelectual. Foi membro do centro acadêmico e participou das atividades culturais da escola, que considerou ter sido uma alavanca que lhe deu condições para avançar na vida. Dos professores, Camilo lembrou serem “pessoas relevantes na sociedade” ribeirãopretana, com eles obteve uma “ponte cultural”.

Edgardo Cajado foi o primeiro a vir em sua memória. Médico por mais de 30 anos, ele foi diretor do Gynásio do Estado entre 1931 e 1954. Camilo o descreveu como uma figura exigente, temida, mas que marcou profundamente sua vida. Lembrou, inclusive, de ter sofrido “algumas penazinhas” aplicadas pelo médico-diretor. Outro que saltou em sua memória foi Dr. Paulo Valentie de Oliveira, ginecologista formado na França, lecionou ciências naturais, mas também era um apaixonado por fotografia, tendo sido parte do primeiro grupo do Cine Foto Clube de Ribeirão Preto. Romero Barbosa, que também foi diretor entre 1965 e 1968, foi descrito como “figura efusiva, que contava grandes histórias”. Com os olhos brilhando e um sorriso, de repente Camilo voltou a ser adolescente. À mente vieram as poesias decoradas e recitadas para a professora de espanhol, “uma graça como mulher”, que todo o grupo de meninos admirava.

Camilo Xavier leva literatura à Escola Otoniel Mota.

Depois de uma vida estudando em escola pública, o professor Xavier, como é conhecido, afirmou que precisava “retribuir de alguma forma” tudo o que recebeu. E a sua retribuição veio com a iniciativa de dois projetos: a Arca Cultural e a Incubadora Cultural. “Tudo que faço entra dentro de uma malinha que eu levo de mão”. É assim que Camilo Xavier descreve a sua devolutiva social para os alunos da escola Otoniel Mota.

Em 2010, quando era presidente da Academia Ribeirãopretana de Letras, ARL, inaugurou o projeto da Arca Cultural em um stand no Palace Hotel, na Feira do Livro daquele ano. Posteriormente transferida para o Otoniel Mota, a Arca começou com a exposição de obras de escritores de Ribeirão Preto para conhecimento e consulta por parte dos alunos. Também passaram a ocorrer palestras dos membros da ARL. Contribuindo para formação humanística dos estudantes, tornou-se um projeto itinerante com acervo de escritores ribeirãopretanos.

Em 2014, Camilo, junto com outros idealizadores, entre eles, Heloísa Martins Alves, Elaine Assolini, Alberto Gonçalves e Alexandre Salgado, lançaram a “Incubadora Cultural”. O projeto foi concebido para o público jovem em parceria com a escola Otoniel Mota e a Faculdade de Medicina da USP. A ideia começou com um concurso de textos com o tema “cultura”. “Eu sempre quis mostrar que é possível as universidades, que as vezes são um pouco isoladas, conseguirem trabalhar junto com a coletividade, eu acho que falta um pouco esse tipo de interação”. Foi com essa certeza que o projeto foi desenvolvido, tendo como resultado a publicação de um livro, divulgando os textos e artes visuais produzidos por alunos e professores do Otoniel.

Para o médico-poeta a escola precisa ser encarada pela comunidade como um bem de todos, porque ela é o “templo da educação”. Um pertencimento que ele tem certeza que deve ser fortalecido com a participação das pessoas na vida da escola das mais diversas formas.

Essa também é a opinião de Luiz Octavio Junqueira Figueiredo. Formado em agronomia pela Esalq, USP, ele é um dos principais empresários do ramo agroindustrial da região de Ribeirão Preto. Nascido nos anos 1940, ele entrou para o então Instituto de Educação Otoniel Mota com 11 anos, em 1954, e saiu em 1960. A escolha foi definida pela certeza que essa era a “melhor escola de Ribeirão Preto”, reunindo um “corpo docente e discente extraordinário”. Para ele, era um exemplo de escola que incentivava a dedicação e o esforço dos alunos, por meio de uma disciplina rígida e de professores exigentes.

Entre eles estavam Lucy Musa Julião e Florianete de Oliveira Guimarães. Esta última foi considerada responsável por ter lhe incutido o gosto pela leitura. “Por isso, estou sempre acompanhando as atividades junto ao livro. Quando eu vejo lá em casa os Lusíadas, eu lembro dela, que exigia o estudo de todos os cantos. Nossa… Valeu!”, afirmou Luiz Octavio.

“Vossa Excelência o livro. A Humanidade deve muito ao livro”. Essa frase, dita pelo empresário durante uma entrevista para a 8ª. Feira do Livro de São Joaquim, diz muito sobre o legado deixado em sua alma pelos professores do Otoniel Mota. Hoje, Luiz Octávio não acredita em mundo melhor sem livros e leitores. Essa crença que o faz ser um incentivador de eventos como as Feiras do Livro de Ribeirão Preto e de São Joaquim da Barra, além de patrocinar a publicação de várias obras.

Sobre os anos vividos no Otoniel Mota, lembrou ainda da efervescência política vivida durante o governo de J.K. e do “fenômeno Jânio Quadros”. E era nesse clima que ocorriam os debates no Parlamento, normalmente aos finais de semana. “Os alunos viviam e era muito interessante”. Como outros contemporâneos, como Feres Sabino e Sérgio Roxo, Luiz Octávio também defendeu que esses debates devem voltar à escola, como forma de torná-la viva, envolvendo os alunos na discussão sobre assuntos políticos da atualidade.

“Eu agradeço muito o que eu recebi no Otoniel Mota, tudo o que eu aprendi”. É baseado nisso que para Luiz Octavio a melhor forma de retribuir é justamente apoiando a escola, na comemoração pelos seus 110 anos. “É o mínimo que eu poderia fazer. Mas, poderia fazer mais”, afirmou. Para isso, acredita que o governo precisa desenvolver outros mecanismos que facilitem o apoio da iniciativa privada.

Luiz Octavio apoia projetos culturais realizados na escola.

Isso garantiria maneiras de participação de outros ex-alunos em ações de diversas escolas.

Terminou dizendo que o Otoniel Mota foi o seu exemplo. Foi lá que ele consolidou a certeza que “todo dia é dia de aprender”. Finalizou afirmando que a “escola está presente no dia-a-dia do cidadão, porque todo dia nós temos que aprender alguma coisa em todas as áreas do conhecimento. Todas”.

Como Camilo e Luiz Octávio, muitos ex-alunos retornam às suas escolas de origem com sentimento de gratidão. Cada um leva em sua bagagem aquilo que aprendeu e deseja compartilhar com as novas gerações. Outros exemplos como esses estão espalhados pelo Brasil, mas acreditamos que é possível aumentar esse envolvimento entre o cidadão e a escola, por meio do fortalecimento dos laços de pertencimento e da certeza que a educação é uma construção coletiva.

“Educar cidadãos e educá-los com maestria – partindo notadamente de uma concepção meritocrática -, é uma arte… um ofício, tão nobre quanto difícil, especialmente quando se consegue exercer este mister há 110 anos. Parabéns por perseguirem este ideal diurtuna e incansavelmente. Sinto-me honrado e profundamente agradecido por ter participado desta história de sucesso, como um dos muitos alunos que esta consagrada Escola forjou.”
Luiz Octavio Junqueira Figueiredo

Fonte: Capítulo do livro “Memórias de uma escola: 110 anos do Otoniel Mota” (2017), publicado pela Fundação do Livro e Leitura, através do patrocínio da Usina Alta Mogiana, de São Joaquim da Barra/SP. Para conferir a edição impressa na íntegra e baixar o e-Book na versão on-line, clique aqui.